Literatura Brasileira

Segundo uma pesquisa realizada recentemente, o índice de leitura do brasileiro é muito baixo, comparado ao restante do mundo. Apenas 56% da população brasileira lê e 30% nunca comprou um livro. A razão mais citada por aqueles que não tem o hábito da leitura é a falta de tempo. Mas isso não diminui a literatura brasileira. Temos grandes nomes e muitos clássicos da literatura mundial saíram daqui das terras tupiniquins.

Mas como se destacar quando se tem Machado de Assis, Guimarães Rosa, João Ubaldo, Clarice Lispector? Para nossa sorte, uma forte geração de autores vêm moldando a nova literatura brasileira. Menos focada no imaginário e mais voltada para si, para as questões sociais, de comportamento, e refletindo uma série de novas realidades do próprio país.

É sempre difícil fazer listas, sem deixar alguém importante de fora. Mas para homenagear o Dia do Livro, que é dia 29 de outubro, tentamos aqui relacionar algumas obras que vem se destacando na nova literatura brasileira. Confira:

Literatura Brasileira

29/10 Dia do Livro – Livros da Literatura Brasileira

 

1 – A Hipótese Humana (2017), de Alberto Mussa

Um crime misterioso ocorrido em 1854 assombra o então bucólico bairro do Catumbi. Tito Gualberto, agente da polícia secreta e ágil capoeira, é contratado para investigar o assassinato. Os muitos suspeitos vão sendo revelados aos poucos, levando o leitor num redemoinho que confunde, aprisiona e inquieta. A investigação passeia pelos caminhos assombrados, pelas alcovas e pelas senzalas, pelas ruas escuras, estalagens e armazéns do Rio de Janeiro oitocentista.

 

2 – Pornopopeia (2009), de Reinaldo Moraes

Zeca, um ex-cineasta marginal, é obrigado a filmar vídeos promocionais para sobreviver. “Holisticofrenia” é o único longa-metragem em seu currículo, rodado sem recorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. “A única renúncia no filme foi à lógica”, diz o protagonista. Vivendo na base do improviso, sem dinheiro, ele precisa rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frango. Sem saber ao certo por onde começar, ele acaba entrando em uma espiral de sexo, bebidas e drogas.

 

3 – Eles eram muitos cavalos (2001), de Luiz Ruffato

O livro de Luiz Ruffato tem data e local bem demarcados: a narrativa se passa em São Paulo, no dia 9 de maio de 2000. A escrita contempla micro relatos de pessoas das mais diversas classes sociais que tem como casa a megalópole de São Paulo.São sessenta e nove histórias independentes, retratos de diferentes ângulos tirados em um mesmo dia, em um mesmo lugar.

 

4 – Holocausto Brasileiro (2013), de Daniela Arbex

Neste livro-reportagem, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata a barbárie e a desumanidade praticadas durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Pelo menos 60 mil pessoas morreram. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder.

 

5 – A chave de casa (2007), de Tatiana Salem Levy

A personagem principal da obra inaugural de Tatiana Salem Levy recebe do avô uma chave da antiga casa da família na cidade de Esmirna, na Turquia. Essa é a premissa do romance que faz com que a personagem saia do Rio de Janeiro em busca da história dos seus antepassados.

Com uma forte pegada autobiográfica, o romance narra a viagem que é, ao mesmo tempo, física e subjetiva, uma caçada em direção às raízes da protagonista, a sua genealogia familiar.

 

6 – Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (2005), de Marçal Aquino

No momento em que narra os fatos de ‘Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios’, o fotógrafo Cauby está convalescendo de um trauma numa pensão barata, numa cidade do Pará. Sua voz se propõe a ser impregnada da experiência de quem aprendeu as regras de sobrevivência no submundo. O motivo de sua descida ao inferno é Lavínia, a misteriosa e sedutora mulher de Ernani, um pastor evangélico. A trajetória do fotógrafo vai sendo explicada por meio de pistas – a história de Chang, morto num escândalo de pedofilia; o mistério de Viktor Laurence, jornalista local que prepara uma vingança silenciosa; a vida de Ernani, que no passado tirou Lavínia das ruas e das drogas. Mesmo diante dos riscos, Cauby decide cumprir seu destino com o fatalismo dos personagens trágicos.

 

7 – Barba Ensopada de Sangue (2012), de Daniel Galera

Com uma escrita ao mesmo tempo controlada e sensível, Barba Ensopada de Sangue fala de amores perdidos, conflitos familiares e segredos inconfessos.

Um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores.

Barba Ensopada de Sangue resgata e leva às últimas consequências temas e conflitos das obras anteriores do autor tais como: a construção da identidade e, nesse processo, as dificuldades que enfrentamos para entender e reconhecer os outros; a necessidade inconfessa de uma reparação talvez inviável; a busca pela unidade entre mente e corpo; o consolo afetivo que o contato com a natureza e os animais é capaz de nos proporcionar; os diversos tipos de violência que podem irromper em meio a uma existência domesticada.

 

8 – Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente (2014), Luisa Geisler

De certa forma, um relacionamento são duas pessoas que se recusam a desistir uma da outra. Henrique, que mora nos subúrbios de Porto Alegre com os pais, e seu amigo Gabriel, que fica em coma após sofrer um acidente. Enquanto aguarda a recuperação do amigo, Henrique, começa a escrever cartas com o objetivo de se distrair e atualizar o amigo quando ele acordar, nelas ele conta o que está acontecendo em sua vida, resume suas aflições, suas angústias e comenta os seus relacionamentos. Enfim, todos os conflitos comuns ao final da adolescência e início da vida adulta.

As cartas são entremeadas por narrativas curtas, que dão a elas uma dimensão adicional: até que ponto Ike sabe realmente o que acontece à sua volta? O que pensam os outros?

 

9 – Dias Perfeitos (2014), de Raphael Montes

Sombrio e claustrofóbico, Dias Perfeitos é uma história de um amor obsessivo e paranoico que consolida Raphael Montes como uma das mais gratas surpresas da literatura nacional.

O protagonista do livro é Téo, um jovem e solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e dissecar cadáveres nas aulas de anatomia. Num churrasco a que vai com a mãe contrariado, Téo conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. De súbito, Téo fica viciado em Clarice, e começa a se aproximar de forma insistente. Diante das seguidas negativas, opta por uma atitude extrema: desfere um golpe na cabeça dela e, ato contínuo, sequestra a garota.

O efeito é tão mais perturbador quanto maior a naturalidade de Téo. Ele fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas decisões com lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, digno dos melhores thrillers da atualidade na literatura brasileira.

 

10 – Cinzas do Norte (2005), de Milton Hatoum

Cinzas do Norte é uma viagem aos anos iniciais da ditadura militar no Brasil, implantação da Zona Franca de Manaus e criação do bairro da Cidade Nova, retratados pelo personagem Mundo e sua arte, e ainda, as relações conflitantes entre cultura e progresso, regionalismo e provençalismo, estudantes e militares. A trama centra-se na trajetória de dois amigos conectados por amores, autoenganos e mistérios.

 

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